Tumores de SNC
Olá, mamães e papais!
Hoje iremos conversar sobre um assunto delicado. Pouca se fala sobre tumores na infância em geral, e justamente por esse motivo escolhi falar sobre tumores de sistema nervoso central: quanto mais informações temos, maior a chance de reconhecermos que algo não vai bem , e logo, o diagnóstico é feito precocemente.
Deixo abaixo perguntas e respostas rápidas com as principais dúvidas sobre o tema:
1- O que são tumores de sistema central?
São tumores sólidos mais frequentes entre as crianças na faixa etária de um a quatro anos e adolescência.
2- O que causa os tumores de sistema nervoso central?
Na maioria das vezes, não há uma causa específica. Acredita-se que essa comorbidade seja uma somatória de diversos fatores. A radiação ionizante (por exemplo, radiografias) está associada ao aumento do desenvolvimento desses tumores. Já causas hereditárias (cerca de 10% dos casos) como neurofibromatose e esclerose tuberosa também podem estar relacionadas.
3- Quais são os sintomas associados?
A apresentação clínica depende da localização do tumor e da idade do paciente. Crianças de zero a dois anos de idade tendem a apresentar sintomas inespecíficos como macrocefalia (aumento do tamanho da cabeça), não ganho de peso, perda dos marcos do desenvolvimento (atraso no desenvolvimento) e vômitos.
Crianças maiores costumam apresentar sinais como cefaleia (geralmente mais intensa pela manhã e alivia com vômitos) , náuseas, vômitos (com frequência logo que a criança acorda) , e paralisia de nervos cranianos (problemas de visão, como a visão dupla e dificuldade para mover os olhos para cima).
Podem estar presentes também: alterações do humor ou do estado de consciência, o que torna a criança irritável, inquieta, confusa ou sonolenta, convulsões, alteração na marcha (problemas no modo de andar, andar cambaleante), quedas frequentes.
4- Como é realizado o diagnóstico?
A suspeita é baseada nos sinais e sintomas, além do exame físico. Após examinar o paciente, o médico confirmará sua suspeita diagnóstica na maioria das vezes, por:
Exames de diagnóstico por imagem: a ressonância magnética (RM) de crânio é o exame principal para a investigação. Na impossibilidade deste exame, será solicitado tomografia de crânio (TC) com contraste que é injetado em uma veia (via intravenosa). Os contrastes são substâncias que tornam as imagens mais nítidas.
Se houver suspeita de tumor cerebral, o médico geralmente remove uma pequena amostra de tecido (biópsia) para confirmar o diagnóstico ou quando é possível ele realiza a cirurgia para remover todo o tumor. Este material é enviado para estudo histopatológico (estudo dos tecidos) do tumor.
Em alguns casos pode ser necessário realizar punção lombar, que deve ser excutada por especialista por causa do risco de complicações relacionados ao aumento da pressão dentro do crânio;
5- Qual o tratamento indicado?
O tratamento envolve várias modalidades, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, na dependência do tipo de tumor e da idade da criança:
Extração cirúrgica do tumor: a cirurgia, na maioria dos tumores, constitui o primeiro passo, com intenção de retirar o máximo de tumor possível.
Quimioterapia, radioterapia ou ambas. Caso o tumor não possa ser removido cirurgicamente, tratamento adicional, em geral, é necessário. A escolha de realizar quimioterapia, radioterapia ou ambos, depende do tipo do tumor, do grau de agressividade e da idade do paciente.
6 – Qual o prognóstico?
A sobrevida dos pacientes com tumores de SNC vem aumentando nos últimos anos. Apesar dos avanços nos resultados, estes pacientes podem ter sequelas físicas, cognitivas (relacionadas a linguagem, pensamento, memória, raciocínio e emoção), neurológicas, endocrinológicas, em razão do próprio tumor ou do tratamento realizado.
É importante que o tratamento desse paciente seja individualizado e que se tenha atenção para medidas que podem melhorar a qualidade de vida por meio do acompanhamento regular, mesmo após o término do tratamento oncológico.
Fonte: Pediatria para Famílias – Sociedade Brasileira de Pediatria
Dra Beatriz Romão Amatto, Médica Pediatra , CRM 181.573 / RQE 82.740/ Instagram @drabeatrizamatto