Aleitamento Materno
Olá, mamães e papais!
Vocês sabiam que o mês de agosto é muito especial para a área de pediatria? Ele é chamado de agosto dourado: um mês inteiro dedicado à promoção do aleitamento materno. E é claro, não poderíamos ficar de fora! Neste mês convido vocês à acompanharem os post que serão baseados nessa temática.
Para este primeiro post, iremos falar sobre as evidências científicas dos efeitos positivos da amamentação na saúde da criança ao longo da vida. Podemos dividir estes efeitos em curto e médio prazo em crianças.
Curto prazo
- Mortalidade: estima-se que se 95% das crianças menores de 1 mês e 90% das menores de 6 meses fossem amamentadas exclusivamente e 90% daquelas com idades entre seis e 23 meses fossem parcialmente amamentadas, 823.000 mortes a cada ano em crianças menores de 5 anos poderiam ser evitadas;
- Morbidade: através de inúmeros estudos científicos, constatou-se que a amamentação é fator protetor contra doenças infecto-contagiosas. Algumas das doenças que podemos citar são infecções respiratórias, diarréia e otite média. Outra condição em que crianças amamentadas por mais tempo se beneficiam é a redução de até 68% da chance de má oclusão dentária.
A longo prazo
Temos uma série de outros fatores positivos:
- Sobrepeso / obesidade: os indivíduos amamentados tiveram uma redução de cerca de 26% na probabilidade de desenvolver sobrepeso ou obesidade na infância ou adolescência;
- Diabetes tipo 2: por ser uma condição adquirida, a associação que normalmente é feita com a diabetes tipo 2 é com sobrepeso ou obesidade. Porém, novos estudos determinam que a amamentação se associou con chance 35% menor de ocorrência de diabetes, principalmente em adolescentes;
- Diabetes tipo 1: dois grandes estudos concluíram a favor do possível efeito protetor da amamentação contra diabetes tipo 1;
- Leucemia: uma reunião de 18 estudos sugere que a incidência de leucemia na infância pode ser reduzida em até 19% nas crianças que foram amamentadas;
- Amamentação e inteligência: apesar de termos a necessidade de considerar alguns outros fatores associados (como por exemplo, a estimulação da criança em casa), a maioria dos estudos apontam que as crianças amamentadas possuem um maior QI, se comparadas Às crianças não amamentadas;
- Desenvolvimento cerebral: o leite materno contém algumas substâncias que são essenciais para o desenvolvimento cerebral do bebê (manutenção, crescimento e desenvolvimento). As crianças que recebem o aleitamento materno, de fato, apresentaram em diversos estudos diminuição das chances de distúrbios emocionais, desvios de condutas e dificuldades comportamentais. Também houve associação com melhores escores de função executiva, competência social, redução de sintomas de hiperatividade e déficit de atenção;
- Microbioma da primeira infância: é um mecanismo mediador nas origens do desenvolvimento da saúde e da doença nas crianças e adolescentes. Ele é facilitado através da amamentação;
- Desenvolvimento de habilidades motoras e linguisticas: apesar da necessidade de ser interpretado com cuidado, um grande estudo que reuniu 22.399 crianças demonstrou que crianças amamentadas possuíam melhor linguagem expressiva, linguagem receptiva, habilidades motoras finas, habilidades motoras em geral;
- Fortalecimento de vínculo entre o binômio mãe e bebê: a amamentação é capaz de gerar profundo vínculo entre o binômio, principalmente se realizada a Golden hour (“Hora de ouro”), em que o primeiro contato pele-a-pele e amamentação lna primeira hora de vida fortalecem essa ação;
- Redução da pobreza: sim, até na parte econômica a amamentação tem seus efeitos positivos. Prevenindo as doenças infectocontagiosas apresentadas no início deste artigo, uma economia de 312 milhões de dólares para os Estados Unidos e 1,8milhão para o Brasil seriam economizados;
Além desses, temos muitos outros benefícios da amamentação. Você ainda tem alguma dúvida que o leite materno é o alimento mais poderoso e completo que temos?
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria – “Amamentação – A base de vida” .
Um beijo, Dra Beatriz Amatto – Médica Pediatra – CRM 181.573 / RQE 82.740